
O Sebrae fez uma entrada histórica no debate econômico da ANPEC em 2025, ressaltando a importância vital dos pequenos negócios para a compreensão da economia brasileira. Essa nova perspectiva é essencial para que empresários e contadores analisem a conjuntura real e ajudem a moldar políticas mais eficazes.
Pequenos Negócios: A Chave para Compreender a Economia Brasileira em 2025
A conjuntura econômica brasileira, frequentemente debatida em círculos acadêmicos e políticos, ganhou um novo e fundamental ponto de vista no 53º Encontro Nacional de Economia da ANPEC (Associação Nacional de Centros de Pós-Graduação em Economia). Pela primeira vez em sua história, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) teve um espaço institucional dedicado para apresentar a visão da base produtiva nacional, ressaltando a importância dos pequenos negócios na análise do desenvolvimento do país. Esta iniciativa marca um avanço significativo na forma como a economia é discutida, trazendo a realidade do empreendedor para o centro do debate.
A Entrada Histórica do Sebrae no Debate da ANPEC
O ano de 2025 ficará marcado pela inclusão do Sebrae no prestigiado Encontro Nacional de Economia da ANPEC. Esta abertura demonstra uma crescente conscientização sobre a necessidade de se considerar a microeconomia ao lado das análises macroeconômicas tradicionais. A sessão “Conjuntura”, realizada no Insper, em São Paulo, tornou-se um palco para o diálogo entre acadêmicos e a realidade empresarial, enriquecendo a compreensão dos desafios e oportunidades que moldam o cenário econômico do Brasil. A presença do Sebrae não apenas ampliou o escopo do debate, mas também reforçou a ideia de que as decisões tomadas por empresas e famílias são cruciais para a formulação de políticas públicas mais assertivas e para o avanço da pesquisa.
Pequenos Negócios: A Espinha Dorsal da Economia
É impossível falar de economia brasileira sem reconhecer a colossal contribuição dos pequenos negócios. Os números não mentem: eles representam impressionantes 97% do total de empresas ativas no Brasil. Esta vasta rede de empreendimentos é a principal geradora de postos de trabalho formais, respondendo por mais de 55% do emprego privado do país. Além disso, sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional alcança cerca de 26,5%, um valor substancial que sublinha sua relevância. Com mais de 24 milhões de empreendimentos ativos em 2025, predominantemente micro e pequenas empresas, é evidente que este segmento não é uma “periferia”, mas sim a verdadeira espinha dorsal que sustenta o cotidiano econômico do Brasil.
Mudando a Lente: Da Macro para a Base Produtiva
Giovanni Beviláqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, introduziu a sessão com uma provocação: para realmente entender a conjuntura brasileira, é preciso ir além dos grandes agregados macroeconômicos. Termos como inflação, juros e política fiscal são, sem dúvida, cruciais, mas a essência da economia se manifesta na base produtiva, no dia a dia dos empreendedores. É nesse nível que as decisões sobre investir, contratar ou mesmo sobreviver se materializam. A leitura da economia sob essa perspectiva oferece uma compreensão mais profunda das dinâmicas reais que impulsionam ou freiam o crescimento, permitindo que os formuladores de políticas públicas e a academia captem nuances que, de outra forma, poderiam passar despercebidas. A realidade de milhões de pequenos negócios traduz-se em indicadores vivos da atividade econômica.
Panorama Econômico: Crescimento, mas com Sinais de Alerta
A análise da economia brasileira apresentada por especialistas como o professor Marcelo Kfoury trouxe um quadro de otimismo cauteloso. O Brasil demonstrou uma notável resiliência, acumulando uma sequência de cerca de 17 trimestres de crescimento do PIB. Embora tenha havido uma perda de ritmo no terceiro trimestre e os indicadores de confiança para o quarto trimestre apresentem estabilidade com leve enfraquecimento, a projeção de crescimento para 2025 ainda gira em torno de 2%. Esse crescimento, mesmo moderado, é fundamental para a recuperação e estabilização do cenário pós-crise, evidenciando a capacidade da economia de se adaptar e buscar novos caminhos.
O Mercado de Trabalho: A Boa Notícia da Economia
Em meio aos debates, o mercado de trabalho emergiu como o grande destaque positivo da conjuntura brasileira recente. A taxa de desemprego tem se mantido em patamares historicamente baixos, um reflexo direto da robusta criação de vagas formais em todo o país. Essa dinâmica favorável não só melhora a qualidade de vida das famílias, mas também tem um impacto direto no consumo. A massa salarial, mesmo com uma desaceleração de um crescimento próximo a 8% para cerca de 4%, continua a expandir-se em um ritmo relevante, impulsionando o consumo das famílias e, por consequência, o setor de serviços, que se mantém como um dos principais motores da atividade econômica. A vitalidade do mercado de trabalho é um indicador poderoso da saúde da base econômica.
O Desafio do Endividamento Familiar
Apesar das boas notícias no emprego e na massa salarial, Marcelo Kfoury levantou um ponto de atenção crucial para os próximos ciclos econômicos: o crescente comprometimento da renda das famílias. O aumento do endividamento, ou da parcela da renda destinada a pagar dívidas, pode representar um freio para o consumo futuro e para o ímpeto de crescimento. Este fator exige monitoramento cuidadoso e a implementação de políticas que busquem equilibrar o acesso ao crédito com a sustentabilidade financeira dos lares brasileiros. Compreender essa dimensão é essencial para evitar armadilhas e garantir que o crescimento econômico seja inclusivo e duradouro.
A Força das Transformações Estruturais Pós-Pandemia
O economista Frederico Turolla, da PEZCO Economics, adicionou uma camada interessante à discussão ao observar que o desempenho econômico do Brasil no período pós-pandemia superou as expectativas. Essa surpresa positiva pode ser atribuída a mudanças estruturais profundas que ocorreram na economia. Ele mencionou transformações no ambiente de crédito, melhorias na infraestrutura e uma reorganização da estrutura produtiva como possíveis fatores que contribuíram para essa resiliência. Essas mudanças sugerem que a economia brasileira pode estar se adaptando a novos paradigmas, com potenciais impactos de longo prazo na produtividade e na competitividade.
Uma Visão Holística para o Futuro do Brasil
Ao final da sessão, Giovanni Beviláqua reforçou a mensagem central: a verdadeira compreensão da conjuntura brasileira requer uma imersão na realidade dos pequenos negócios. Ele enfatizou que são esses milhões de empreendimentos que transformam esforço em renda, renda em dignidade e dignidade em projetos de futuro para as famílias. A economia do Brasil, em sua essência, é lida e vivida diariamente na base que a sustenta. A colaboração entre instituições como o Sebrae e a ANPEC representa um passo vital para construir uma visão mais completa e eficaz das políticas econômicas necessárias para impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo do país.
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Referência Bibliográfica:
Agência Sebrae de Notícias. (2025, 19 de dezembro). A conjuntura vista da base: pequenos negócios entram no centro do debate econômico da ANPEC. Recuperado de https://agenciasebrae.com.br/economia-e-politica/a-conjuntura-vista-da-base-pequenos-negocios-entram-no-centro-do-debate-economico-da-anpec/